Por que Mais Médicos virou alvo do governo de Trump

TENSÃO EUA/BRASIL: governo de Donald Trump anunciou na quarta-feira (13/08) a revogação dos vistos de dois brasileiros , que participaram da criação do programa Mais Médicos

Por que Mais Médicos virou alvo do governo de Trump
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Divulgação

 [Aroni Fagundes - Repórter/Editor]

O programa Mais Médicos, lançado no Brasil em 2013, foi alvo de críticas por parte do  governo de Donald Trump, principalmente devido à presença de médicos cubanos no projeto. A iniciativa visava suprir a carência de profissionais de saúde em regiões remotas e vulneráveis do Brasil, e para isso, contou com a colaboração de médicos estrangeiros, muitos deles vindos de Cuba.

Segundo informação do portal de notícias bbc.com , o governo de Donald Trump anunciou na quarta-feira (13/08) a revogação dos vistos de dois brasileiros que participaram da criação do programa Mais Médicos: Mozart Julio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde, e Alberto Kleiman, coordenador-geral para a COP30.

A medida foi divulgada pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, como parte da retomada da "política de restrição de vistos relacionada a Cuba".

O governo Trump, que mantinha uma postura crítica em relação ao regime cubano, viu essa parceria como uma forma de financiamento indireto ao governo de Cuba, já que parte dos salários dos médicos cubanos era retida por Havana.

Essa situação gerou tensões diplomáticas e críticas, com o governo dos Estados Unidos argumentando que o programa violava direitos trabalhistas e servia para sustentar o regime cubano, enquanto o Brasil defendia o impacto positivo do programa na saúde pública.

Além disso, o comunicado aponta que a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) teria atuado como intermediária para implementar o programa sem seguir os requisitos constitucionais brasileiros, driblando sanções dos EUA a Cuba. A Opas, vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda não se manifestou sobre o caso.

No atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Mais Médicos passou a priorizar profissionais brasileiros. Segundo dados divulgados na segunda-feira (11/08), 92,25% dos 24,9 mil médicos ativos no programa são nacionais.

O episódio ocorre em meio a uma escalada de retaliações de Trump ao Brasil. Em julho, Washington impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e sancionou o ministro Alexandre de Moraes, acusando o país de perseguição política contra Jair Bolsonaro, réu em uma ação penal sobre suposta tentativa de golpe após a derrota nas eleições de 2022.