Brasil sobe tom em resposta aos EUA e diz que soberania jamais entrará em negociação de tarifa
BRASIL/EUA: Ministério das Relações Exteriores afirma que há uma tentativa de interferir no Judiciário brasileiro
15/07/2025 19:56:31
Foto ilustrativa: CanvaPRO/Assinante
[oglobo.globo.com | 15/07/2025 16h40]
O Ministério das Relações Exteriores divulgou nesta terça-feira(15) uma nota em que eleva o tom contra o governo dos Estados Unidos. O texto reage a declarações recentes do Departamento de Estado norte-americano e da embaixada dos EUA em Brasília, classificadas pelo Itamaraty como “intromissão indevida e inaceitável” em assuntos do Poder Judiciário brasileiro.
A reação veio após uma postagem nas redes sociais feita por Darren Beattie, subsecretário para Diplomacia Pública dos EUA, e compartilhada pela representação diplomática no Brasil. No texto, Beattie afirmou que os Estados Unidos impuseram “consequências” ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante das manifestações, o Itamaraty afirmou “rechaçar, mais uma vez” a postura americana. “A equivocada politização do assunto não é de responsabilidade do Brasil, país democrático cuja soberania não está e nem estará jamais na mesa de qualquer negociação”, diz a nota.
O comunicado reforça que o Brasil está disposto a manter o diálogo comercial com autoridades norte-americanas, “em benefício das economias, dos setores produtivos e das populações de ambos os países”. Mas ressalta que posicionamentos como o de Beattie “não condizem com os 200 anos da relação de respeito e amizade entre os dois países”.
A nova escalada diplomática ocorre no mesmo dia em que o governo brasileiro sancionou a Lei da Reciprocidade, que autoriza a adoção de medidas equivalentes às impostas por outros países. A iniciativa é uma resposta ao tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump, que ameaça sobretaxar em até 50% produtos brasileiros, como suco de laranja, aço e celulose.
Na semana passada, Trump já havia enviado uma carta a Lula, também divulgada nas redes, acusando o governo brasileiro de “ataques insidiosos” à democracia americana.
Em resposta, Lula classificou as ameaças como “desrespeitosas” e afirmou que a diplomacia não pode ser substituída por vídeos ou postagens na internet. O presidente também declarou que o Brasil responderá “com firmeza” a qualquer tentativa de intimidação ou violação de sua soberania.
A resposta do governo brasileiro tem sido pelo caminho do diálogo. Um comitê interministerial foi instaurado e promove reuniões com empresários do setor privado.